A síndrome do GPS maligno ataca novamente em Joaçaba

A rua Augusto Arbugeri em Joaçaba, a rua do mato, recebeu mais um hóspede indesejado nesta terça-feira: uma baleia mecânica encalhou em suas águas rasas, criando um naufrágio programado no coração da cidade.
Como uma agulha gigante tentando passar pelo buraco de uma fechadura, o gigante de ferro escolheu o caminho mais estreito para sua dança da impossibilidade.A placa proibitiva, no alto do morro, é um espantalho solitário no campo da desobediência, observando impotente enquanto os corvos metálicos pousam exatamente onde não deveriam. É um guarda-chuva furado protegendo da chuva que nunca para de cair.
O GPS transformou-se no ventríloquo da era digital, fazendo seus bonecos de carne e osso repetirem o mesmo script da negação. Como zumbis hipnotizados pela tela luminosa, os condutores marcham em direção ao precipício, seguindo cegamente a voz artificial que ecoa em seus ouvidos como um canto de sereia tecnológica.Cada episódio é uma nova camada de tinta sobre a mesma parede descascada, um disco riscado tocando eternamente a mesma nota desafinada.
O local virou um grande tabuleiro de xadrez onde as peças pesadas sempre fazem o movimento proibido, transformando cada jogada em um xeque-mate contra o bom senso.Os motoristas são atores de uma peça teatral sem fim, onde o único figurino disponível é o traje da vítima das circunstâncias. Talvez seja hora de erguer no alto do morro um espelho gigante da realidade: um outdoor monumental exibindo a galeria dos fracassos sobre rodas.
Como um farol da consciência cortando a névoa da negação, essas imagens funcionariam como vacina visual contra a epidemia da irresponsabilidade. Seria o museu a céu aberto, onde cada fotografia de caminhão atravessado serviria de bússola para navegadores perdidos.
