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Famílias indígenas são alojadas em áreas nos fundos do cemitério

Fotos enviadas à Rádio Catarinense mostram famílias indígenas, incluindo crianças e adolescentes, alojadas em acampamentos improvisados nos fundos do cemitério de Joaçaba. Essa cena se repete nesta época, próximo ao Natal, quando os indígenas chegam à região para comercializar artesanatos nas ruas centrais, aproveitando o movimento das festas de fim de ano.

Segundo Sandra Pacheco, Secretária de Assistência Social, a área, designada pela administração municipal, é equipada com água, banheiros e energia elétrica, e foi disponibilizada após uma ação do Ministério Público Federal em 2017, que determinou que os municípios deveriam oferecer locais apropriados para receber essas famílias. Contudo, a escolha do local tem gerado questionamentos sobre a adequação e o respeito à dignidade das comunidades indígenas.

Em Joaçaba, há um acordo estabelecido pela Secretaria de Assistência Social que permite a permanência dos indígenas por até 20 dias. Durante esse período, eles têm o direito assegurado pela Constituição de circular e comercializar seus produtos, desde que respeitem algumas regras, como a proibição de crianças na atividade de venda.

A presença de crianças, no entanto, é frequente nos deslocamentos das famílias, que saem de suas aldeias em períodos sazonais – geralmente perto da Páscoa e do Natal – para complementar sua renda. Essa situação preocupa autoridades e organizações sociais, que apontam possíveis impactos na educação e no bem-estar dos menores.

Além das condições do local, outro ponto levantado é o controle sobre quem chega e quem sai, uma medida que, segundo a administração, visa garantir segurança tanto para os indígenas quanto para a comunidade local.

A questão expõe um desafio mais amplo: como oferecer acolhimento digno, respeitando a cultura indígena e, ao mesmo tempo, atendendo às normas e interesses da sociedade urbana? A área escolhida, nos fundos do cemitério, gera críticas por ser vista como um local que simboliza isolamento e exclusão.

A venda de artesanato pelos indígenas é um direito constitucional e representa não apenas um meio de sustento, mas também a preservação de sua identidade cultural. Contudo, é necessário ampliar o diálogo para criar soluções mais inclusivas e respeitosas, que atendam às necessidades dessa população e promovam a integração social.

Por Marcelo Santos