FIESC reconhece industriais com a Ordem do Mérito Industrial
A Federação das Indústrias (FIESC) entregou a Ordem do Mérito Industrial de Santa Catarina dos anos de 2020 e 2021, durante solenidade, na manhã desta sexta-feira, dia 22 de outubro, em Florianópolis. Foram homenageados os industriais: Fernando Cestari de Rizzo (Tupy, de Joinville), Gelson Dalla Costa (Apti Alimentos, de Chapecó), Júlio André Ruas Tedesco (in memoriam – Grupo Tedesco, de Balneário Camboriú), Sirivaldo José Barbieri (Pioneiro Baterias, de Treze Tílias), Salézio José Martins (Grupo Kyly, de Pomerode), Ricardo Minatto Brandão (Brametal, de Criciúma), além de Vicente Donini, do Grupo Marisol, de Jaraguá do Sul, que recebeu a comenda nacional, da CNI. O diretor da Fiação São Bento, Horst Maul, recebeu uma homenagem especial pelos 76 anos dedicados à indústria. A cerimônia contou com a presença de lideranças industriais e políticas do estado.
Em seu discurso, o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, disse que os homenageados são exemplos incontestáveis do diferencial cultural do empresário catarinense. “Foi assim que Santa Catarina criou as bases que sustentam uma indústria pujante que, por sua vez, explica a nossa economia equilibrada, com tantos indicadores acima da média nacional, como emprego, crescimento, longevidade, entre outros”, afirmou.
Ele também chamou a atenção para os impactos do Custo Brasil na economia. “O excesso de burocracia e a complexidade de nossa legislação elevam o custo das empresas, que precisam manter grandes estruturas apenas para atender as obrigações normativas. São inúmeros funcionários dedicados a atividades que não geram valor, agregando custos e reduzindo a nossa competitividade”, declarou. Aguiar defendeu ainda a realização das reformas estruturantes. “Precisamos assegurar a realização das reformas administrativa e tributária. No caso da primeira, deve prevalecer um estado mais eficiente. Quanto à tributária, temos clareza de que a expectativa inicial é pela simplificação do sistema, mas sem abrir mão da perspectiva de redução de carga no médio e longo prazo”, completou.
Ainda em seu discurso, Aguiar destacou a importância da criação de uma política industrial para o setor que permita um crescimento sustentado e contínuo. “Reforço o convite a todos os industriais que me ouvem neste momento: vamos, juntos, fortalecer este trabalho. Senhor governador e senhora coordenadora do Fórum Parlamentar Catarinense, contamos, como sempre, também com o empenho de vocês”, conclamou.
O empresário Vicente Donini disse que os industriais catarinenses não esmorecem. “Não tememos os desafios que os mercados nos impõe. Apenas clamamos por um ambiente de negócios menos hostil, formal e com total equidade de tratamento fiscal. O ambiente de negócios requer de nossos governantes mais assertividade em suas ações, maior harmonia entre os poderes constituídos, menos letargia e extremismos”, declarou, ressaltando que é preciso resiliência e determinação para enfrentar os grandes desafios que 2022 prenuncia.
Ao falar em nome dos homenageados com a comenda estadual, Fernando de Rizzo destacou a ousadia, o pioneirismo e a liderança dos fundadores da Tupy, e destacou o trabalho visionário de Hans Dieter Schmidt. “Determinação, dedicação à pesquisa e ao desenvolvimento, inovação, trabalho duro e preocupação com o desenvolvimento das pessoas fazem parte da nossa cultura. E a cultura da Tupy espelha também a cultura catarinense”, afirmou. Ele também ressaltou que não são poucos os desafios para se ter uma indústria forte no Brasil. “E não existe indústria forte sem energia barata e abundante, sem infraestrutura, sem acesso a equipamentos e sem impostos simplificados, justos e compatíveis. A forte indústria que temos em Santa Catarina exporta muita tecnologia, produtos de qualidade e conhecimento, mas exporta também impostos”, alertou.
“É um espaço para honrar a indústria catarinense e aqueles que empreendem e estão construindo um estado forte, que tem despontado no cenário nacional como o maior gerador de empregos e que cresce três vezes mais do que a média brasileira”, afirmou o governador Carlos Moisés da Silva. Ele destacou ainda que a prioridade do governo são os investimentos em infraestrutura.
“Os novos comendadores são a essência, a reafirmação da diversidade da indústria catarinense. A todos os homenageados o respeito e a estima do sistema indústria brasileiro. Empresários como os que receberam a comenda são responsáveis pela pujança da economia do estado, pela modernidade das empresas e pela diversificação da indústria”, disse Amaro Sales de Araújo, chanceler da Ordem do Mérito da CNI.
Criada
em 2000, a Ordem do Mérito Industrial de SC reconhece, anualmente,
personalidades ou organizações que tenham contribuído para o
desenvolvimento da indústria.
Conheça
um pouco da história dos homenageados
Fernando
Cestari de Rizzo: é
CEO da Tupy, multinacional brasileira do segmento de metalurgia,
sediada em Joinville. É formado em Engenharia Mecânica pela FAAP,
com MBA na Indiana University e especializações na FVG e Stanford
School of Business. O executivo iniciou sua carreira na Companhia
como estagiário, liderou áreas como a Engenharia, Planejamento,
Marketing, Vendas e Manufatura. Em 2004, tornou-se vice-presidente da
área de Vendas e Marketing. Em 2012, passou a vice-presidente da
Unidade de negócios automotivos, responsável pela maior parte do
faturamento da Empresa. Com cerca de 30 anos de carreira, tem amplo
conhecimento sobre o negócio e teve contato com toda a cadeia de
valor da Tupy. Sob sua gestão, em 2021, foi concluído o acordo para
a aquisição das operações de componentes estruturais em ferro
fundido do Brasil e de Portugal da Teksid, subsidiária integral da
Stellantis. Além de Joinville, a Companhia tem unidades no México e
em Mauá (SP), além de escritórios nos Estados Unidos e Alemanha.
Gelson
Dalla Costa:
Natural de Quilombo, Gelson Dalla Costa é filho de agricultores e
saiu de casa aos 15 anos para estudar. Formou-se técnico em
agropecuária e iniciou sua carreira profissional na Aurora
Alimentos, empresa na qual trabalhou até 1985 quando fundou a Apti
Alimentos, em Chapecó, junto com os sócios Hugo Biehl, Crusvaldino
Mezalira e Adair da Silva (in memorian). Hoje a companhia emprega 600
profissionais, tem faturamento anual superior a R$ 450 milhões e
atua no Brasil e no Mercosul. A Apti, que também tem uma planta em
Araras-SP, fabrica produtos como achocolatados, refrescos e
sobremesas. Gelson também é vice-presidente do Sindialimentos, foi
vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Chapecó
(ACIC) e presidiu o conselho deliberativo da Associação Chapecoense
de Futebol. Tem um reconhecido trabalho voluntário na comunidade.
Desde 2005 ele integra a direção da Associação Hospitalar Lenoir
Vargas Ferreira, entidade filantrópica que administra os hospitais
Regional do Oeste e da Criança, ambos em Chapecó, e o Nossa Senhora
da Saúde, de Coronel Freitas. É presidente do conselho delegado de
administração do hospital regional e presidente do conselho
deliberativo da ACIC.
Júlio
André Ruas Tedesco:
(in memoriam): nascido em Caçador em 1948, Júlio André Ruas
Tedesco mudou-se para Porto Alegre em 1962, cidade em que cursou o
segundo grau e, posteriormente, formou-se em administração de
empresas na Unisinos, em São Leopoldo. Ele passou a atuar nas
empresas da família em 1962, tornando-se administrador do grupo em
1975, assumindo a presidência três anos depois, com o falecimento
do pai, Normando. A família Tedesco deu início aos negócios em
Caçador na década de 1930. Atualmente, possui unidades de negócios
nas cidades de Caçador (divisão de celulose e papel e divisão de
sacos industriais, reflorestamento e fazendas) e em Canoas (divisão
de embalagens de papelão ondulado). A empresa possui produção
própria de energia elétrica em quatro usinas hidrelétricas
situadas nos municípios de Caçador e de Irineópolis (SC). Em
Balneário Camboriú, os negócios incluem a Tedesco Marina Garden
Plaza, o Parque Unipraias Camboriú, o Barco Pirata, a Tedesco Marina
e o Atracadouro Barra Sul, responsável pela recepção de navios de
cruzeiro. No total, o grupo emprega mais de 2,6 mil colaboradores.
Júlio também presidiu por dois mandatos SINPASUL e foi conselheiro
do SINPESC. Júlio faleceu aos 73 anos, no dia 19 de fevereiro de
2021, em Porto Alegre.
Sirivaldo
José Barbieri:
nascido em 1960, Sirivaldo passou a infância no interior de Treze
Tílias. Mudou-se para a cidade em 1978 quando começou a trabalhar
num posto de combustível como frentista, lavador e borracheiro
chegando à gerência. Mas sua história no empreendedorismo se
iniciou em 1988 quando alugou três postos de combustíveis no
Paraná. Em 1993, ele retornou para Treze Tílias e assumiu a direção
da empresa da família, a Pioneiro Baterias, que começou de forma
curiosa: um dos irmãos Barbieri trocou um carro Opala 1979 por uma
oficina de reforma de acumuladores elétricos. Como a oficina
fabricava 150 baterias por mês e não conseguia vender toda a
produção na cidade, começou a expandir o negócio para Videira e
Tangará. E assim foi crescendo e ganhando mercado. Hoje, a Pioneiro,
nome que homenageia os pioneiros austríacos que colonizaram Treze
Tílias, e vende para o Brasil e países da América Latina.
Atualmente, o Grupo Pioneiro Industrial é composto pela Baterias
Pioneiro (produz acumuladores elétricos), Pioneiro Ecometais (produz
ligas de chumbo a partir da reciclagem de baterias), Pioneiro
Escapamentos (produz sistemas de exaustão), Pioneiro Pirólise
(planta de reciclagem de pneus) e Dos Alpes Alimentos (dona das
marcas Incotril e Tempero do Sul). Sirivaldo e a família também têm
forte atuação nas questões comunitárias da região, por meio do
Rotary Club e do Consulado Austríaco de Treze Tílias.
Ricardo
Minatto Brandão: O
engenheiro civil Ricardo Minatto Brandão é presidente do conselho
de administração da Brametal, indústria fundada por seu pai,
Ayrton de Mattos Brandão. Hoje, a empresa é líder na América
Latina na fabricação de estruturas metálicas para os segmentos de
geração e transmissão de energia elétrica, solar e eólica, além
de torres de telecomunicações. A companhia, sediada em Criciúma,
tem unidades em Linhares (ES) e Sabará (MG) e emprega cerca de 2 mil
profissionais. No início da carreira, Ricardo trabalhou na Eletrosul
e, na sequência, atuou em obras ligadas à construção civil em
empresas como a Cônsul (Joinville), Buddemeyer (São Bento do Sul),
no Porto Pesqueiro de Guarujá, em São Paulo, entre tantas outras em
diversas cidades catarinenses. Tornou-se diretor-presidente da
Brametal em 1990, década em que a empresa implementou o sistema de
gestão da qualidade para atender o sistema Eletrobras, ingressou no
mercado de torres de telecomunicações e fez a primeira exportação
para o Chile, ação que marcou a entrada da indústria no mercado
internacional. Nos anos 2000, a empresa ampliou a presença para
outros países, expandiu a capacidade produtiva das fábricas, montou
operações no Espírito Santo e em Minas Gerais e investiu em
pesquisa, desenvolvimento e em novos produtos. No campo social, a
Brametal apoia iniciativas nas regiões onde têm unidades
produtivas.
Salézio
José Martins:
é fundador do Grupo Kyly, de Pomerode, companhia do segmento têxtil
que emprega mais de 2 mil profissionais. Salézio nasceu em 1949 numa
comunidade que hoje pertence a Major Gercino. É o segundo filho de
uma família de 13 irmãos. Passou parte da infância em Presidente
Nereu, estudou em seminários em Rio dos Cedros e Ascurra. Em 1968
desistiu do seminário, começou a cursar direito em Rio do Sul e em
paralelo dava aulas de língua portuguesa num colégio. Na década de
1970, ele mudou de curso e foi fazer letras, em Blumenau, cidade na
qual trabalhou com o revisor no Jornal de Santa Catarina e redator
das páginas de esportes do periódico. Depois editou programas
esportivos na TV Coligadas, hoje NSC, e foi assessor de imprensa da
coordenadoria regional de educação. Já na década de 1980, para
complementar a renda, Salézio adquiriu dois teares usados da Cia
Hering. Sua esposa, Claudete, tinha habilidades em costura e começou
a produzir malha de algodão. A Kyly foi fundada em 1985, na garagem
da casa da família, em Blumenau, e fornecia para pequenas
confecções. Aos poucos cresceu, ganhou mercado e então Salézio
mudou a empresa para Pomerode, em 1987, num galpão de 540 m². Já
na década de 1990, a empresa chegou num momento em que precisava se
reinventar. Como a filha mais velha, Taciane, gostava de criar
coleções infantis, a empresa decidiu investir neste mercado. Além
da marca Kyly, o grupo é dono das marcas Milon, Amora, Lemon e
Nanai, que estão disponíveis em mais de 10 mil lojas multimarcas e
são exportadas para mais de 30 países.
Vicente Donini: natural de Joinville, Vicente Donini fez da Marisol uma das maiores empresas do mercado de moda infantil com unidades industriais em Santa Catarina e no Ceará, nas quais emprega cerca de 2,4 mil colaboradores. Em 2008, Donini passou a fazer parte do Conselho de Administração da companhia e já recebeu mais de 30 premiações e reconhecimentos públicos e privados. Nas áreas de educação e cultura, tem prestado significativas contribuições. O industrial também se dedica à produção de vinhos de altitude, como proprietário da Casa Vivalti, em São Joaquim.
Fonte e foto: Ascom/Fiesc