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Antônio Gavazoni deixa a Secretaria da Fazenda depois da delação dos executivos da JBS

O secretário de Estado da Fazenda de Santa Catarina, Antonio Gavazzoni, deixou o cargo na tarde desta segunda-feira (22). A informação foi confirmada pela assessoria de comunicação do Governo.Conforme a assessoria de comunicação da Secretaria da Fazenda, a saída foi um pedido de Gavazzoni. Ele formalizou a sua saída em entrevista coletiva a imprensa, e falou sobre os motivos para deixar o cargo. A decisão de deixar o Governo ocorreu depois de uma conversa do secretário com o governador Raimundo Colombo na manhã desta segunda, como mostrou o Jornal do Almoço. Gavazzoni estava à frente da Secretaria da Fazenda desde 2013.

Citado em delações

O secretário de Estado da Fazenda, Antonio Gavazzoni, e governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, foram citados em depoimento do diretor de Relações Institucionais e governo na holding J&F, que controla a JBS, Ricardo Saud, conforme delações liberadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na última semana. No vídeo, o delator afirma que foram pagos R$ 10 milhões em propina para a campanha de Colombo nas eleições de 2014. O objetivo, segundo Saud, era obter facilidades na licitação para comprar a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan).

Na gravação, Saud conta que foi procurado por Antonio Gavazzoni. “Eu fui procurado pelo secretário de Fazenda, o Gavazzoni, numa data oportuna, porque lá nós compramos a Seara. A empresa Seara tava para fechar, ia dispensar não sei quantos mil trabalhadores, ia ser o caos no estado de Santa Catarina. E, na época, o secretário da Fazenda, o Gavazzoni, nos fez um apelo, se podia comprar, o que que tinha condição de fazer ou não”, disse Saud.

O delator também diz que Gavazzoni, Colombo e assessores teriam participado de um jantar na casa do Joesley Batista, em São Paulo, em junho ou julho de 2013.Gavazzoni afirmou em nota que a declaração do delator é falsa e surpreendente. O secretário afirmou que a ajuda oferecida no jantar em São Paulo foi oficial, como está registrado nas declarações eleitorais. Ele também negou qualquer conversa sobre a Casan e destacou que não houve edital nem venda de nenhuma ação da companhia.

Em abril, delatores da Odebrecht também falaram do secretário da Fazenda catarinense. O ex-diretor da divisão sul da Odebrecht, Paulo Roberto Welzel, relatou encontros com o secretário Gavazzoni.

No início da tarde desta segunda-feira ele divulgou uma nota. Leia abaixo.

Nota à imprensa
Nesse tempo em que fui secretário de Estado e presidente de estatal me concentrei sempre em enfrentar problemas e crises. Nunca fui seduzido por assuntos que gerassem publicidade positiva, como inaugurações ou festas políticas.
Zelei cada dia pelo interesse público, trabalhei dando toda minha força, energia, conhecimento e capacidade para enfrentar grandes problemas públicos, desde a crise econômica e climática de 2008, depois à frente do grupo Celesc e, sobretudo, na Secretaria da Fazenda nestes últimos anos da pior crise econômica que o país e o Estado já viveram em toda sua história. Vencemos por não aumentar impostos nem atrasar salários.
Se isso tivesse ocorrido, a Segurança, a Saúde e a Educação teriam entrado em colapso, como aconteceu em vários estados. O progresso econômico e social estaria severamente comprometido.
Porém, apesar de todo meu entusiasmo pelas missões públicas, neste momento não tenho forças para seguir comandando os homens e mulheres de grande capacidade técnica que pertencem aos quadros da Fazenda.
Não vou descansar, mas me dedicar a mostrar a cada pessoa que confiou em mim ao longo desses 11 anos, que nada do que foi dito por criminosos confessos é verdadeiro. Todos os encontros narrados foram presenciados por terceiros que testemunharão para esclarecer a verdade. Os heróis brasileiros em que se transformaram os Procuradores da República e os Magistrados sabem e saberão julgar aqueles com quem lidam. Esses criminosos confessos, que buscam a qualquer preço montar versões que justifiquem a troca de penas alongadas por liberdade e vida milionária no exterior, não podem vencer.
Na nossa vida tudo tem um limite. A minha enérgica disposição para enfrentar problemas no Estado encontrou o seu: os dois fatos envolvendo questões eleitorais, injustas e improcedentes quando citam meu nome e, por isso, doloridas. Abro mão do foro privilegiado porque nada temo. Agradeço ao governador Raimundo Colombo pela confiança e amizade recíprocas, bem assim a todos os colegas de Governo.
Tenho Deus por testemunha de minhas palavras e, mesmo passando por tudo isso, só agradeço às amizades e simpatias que conquistei.
Antonio Marcos Gavazzoni

Fonte: G1SC