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Entre lixo e desleixo: Joaçaba enfrenta dilema urbano

As ruas da área central de Joaçaba, conhecidas pela movimentação de seus comércios, estão ganhando um coadjuvante indesejado: o lixo. Pilhas de resíduos acumulados ao lado de lixeiras, mesmo com a coleta regular, têm transformado calçadas em “cenários pós-festa”. A população reclama, a prefeitura aponta falta de colaboração, e o problema, como um velho sofá na sala, parece cada vez mais difícil de ignorar.

De acordo com Naiara de Oliveira, Secretária Municipal de Infraestrutura, as lixeiras, projetadas para comportar até 1.000 litros, estão sendo subutilizadas ou, pior, ignoradas. “As caixas de papelão, que poderiam ser desmontadas para caber mais, são deixadas inteiras. Se cada um colaborasse, não teríamos esse problema”. Muitas pessoas preferem deixar os resíduos ao lado dos recipientes, criando verdadeiros monumentos urbanos ao desleixo.

O desafio dos horários e a dança da coleta
A coleta reciclável passa três vezes ao dia, sendo a primeira logo às 8h. Mas, aparentemente, o relógio de muitos está aparentemente desregulado. Segundo ela, algumas pessoas deixam o lixo depois que o caminhão já passou, e estes resíduos ficam até o dia seguinte. Já a coleta orgânica, realizada duas vezes ao dia, enfrenta desafios semelhantes. Segundo Naiara de Oliveira restaurantes e padarias, grandes produtores de resíduos, descartam tudo de uma vez, esgotando a capacidade física.

Naiara reforça que os veículos de coleta são monitorados por GPS, mas ainda assim, a “dança do lixo” continua fora de ritmo. Os horários estão no site da empresa responsável, mas parece que poucos se deram ao trabalho de ler a partitura.

Prefeitura e população: um casamento que precisa de terapia
O contrato com a empresa de coleta, válido até março de 2025, não permite mudanças imediatas na quantidade de coletas ou no número de lixeiras sem aditivos contratuais. Em outras palavras, a prefeitura está de mãos atadas – ou quase. Por outro lado, a solução não está apenas na mesa da administração. Não adianta aumentar as coletas se o hábito de descartar lixo errado continuar. É como tentar encher um balde furado. Pequenas ações, como desmontar caixas e respeitar os horários de coleta, fariam toda a diferença.

Enquanto isso, a cidade segue como uma peça inacabada, dividida entre a responsabilidade da gestão e a necessidade de conscientização popular. Afinal, manter Joaçaba limpa não é só dever da prefeitura – é um compromisso coletivo. Porque, sejamos francos, ninguém gosta de viver em um cenário que parece mais com um episódio de “Apocalipse do Papelão”.

Por Marcelo Santos