(49) 3551-2424

“Eles (PCH) foram alertados na época, mas não deram ouvido pra nós” disse moradora da linha Triângulo

A inundação da SC-453 entre Luzerna e Ibicaré esta semana, quando o Rio do Peixe atingiu a marca máxima de 9,44metros segue repercutindo e os moradores do entorno e usuários da rodovia cobram explicações e providências. O Departamento de Jornalismo da Rádio Catarinense buscando esclarecer o que aconteceu, em razão de algumas dúvidas que ainda existem, foi até a linha Triângulo e entrevistou uma agricultora que mora no local há pelo menos 50 anos. Uma moradora que tem conhecimento prático, pois vive o dia a dia e conhece muito bem aquela região.

Esta semana o engenheiro da Usina, que é uma Pequena Central Hidrelétrica, descartou qualquer tipo de falha ou erro do projeto ao calcular a área que que poderia ser alagada em caso de cheias do rio. Ele chegou a dizer que seria até “leviano” questionar este tipo de situação e disse que deveria ser feito um estudo e analisado o projeto de construção da rodovia, que eventualmente poderia não ter previsto tal situação. Ou seja, ao ser questionado, o engenheiro sugeriu até que o problema poderia estar na rodovia.

Nossa equipe de reportagem entrevistou Jania Terezinha Bulim que mora na linha Triângulo, no entorno de onde aconteceu o problema. Ela revelou que na época em que a Usina começou ser construída seu marido alertou os engenheiros da PCH que poderiam ocorrer alagamentos naquele ponto e que antes de construir a barragem eles deveriam providenciar, ou solicitar, uma elevação da pista da SC-453. “Meu marido alertou, mas ele não foi ouvido e agora deu o que deu” disse ela.

A agricultora se recorda que na grande enchente de 1983, quando o Rio do Peixe chegou a quase 11 metros em nossa região, a água se aproximou do local, mas o trânsito não chegou ser interditado. Desta vez, com o rio atingindo a marca de 9,44metros, a situação foi bem diferente, pois o acumulado de água na pista passou de dois metros de profundidade. Ou seja, com cerca de 1 metro a menos que em 83, a pista foi alagada.

Jana Terezinha Bulim entende que a barragem contribuiu para o alagamento, represando água dos lajeados. Segundo ela com a revitalização daquele trecho da rodovia, ocorrido há poucos anos, foi feita apenas melhorias no asfalto e no trevo de acesso a linha Triângulo, com a estrada sendo mantida no mesmo nível, segundo ela.

A moradora se mostrou preocupada com a situação e espera providências por parte da prefeitura de Ibicaré, temendo que na próxima cheia ocorra o mesmo problema, que pegou todos de surpresa.

Um outro morador que entrou em contato com a Rádio Catarinense disse que na época de construção da PCH foram construídas duas galerias para desviar a água para serem usadas como sistemas de comportas para períodos de cheias, dar vazão. Segundo ele no decorrer da construção teve mudanças no projeto e elas teriam sido fechadas. Veja abaixo as imagens.

Por Marcelo Santos
Foto aérea: Ronaldo Nunes

24/02/2021 Galerias sendo fechadas.
Foto mostra galerias abertas