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SC tem ‘boom’ com 1,5 mil novos casos de hepatites

O Dia Mundial de Combate à Hepatite é marcado todos os anos para 28 de julho. A doença pode não parecer tão comum, mas Santa Catarina registra um boom nos casos, com 1,5 mil novos diagnósticos em 2022.

O número de casos é o mais atualizado da doença no Estado, e foi confirmado nesta quinta-feira (27) pela SES/SC (Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina).

Quais hepatites existentes?

Segundo o Ministério da Saúde, são uma infecção que atinge o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes são infecções silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas. Entretanto, quando presentes, podem se manifestar como: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na região Norte do país) e o vírus da hepatite E, que é menos frequente no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia.

O médico oncologista Matheus dos Santos Ferla, explica que a doença pode apresentar mais riscos de desenvolvimento de câncer no fígado. Por isto, relata a importância do diagnóstico precoce.

De acordo com o profissional, o risco de desenvolver câncer de fígado no decorrer da vida é 1% a 4%, mas se houver associação entre cirrose e infecção pelo vírus da hepatite B, a probabilidade pode subir até 500 vezes, em comparação com o de uma pessoa sem esses fatores.

Cerca de 50% a 60% das pessoas com esse tipo de câncer são portadoras do vírus da hepatite B e, geralmente, o intervalo entre a infecção e o aparecimento da neoplasia é de algumas décadas.

Hepatite C traz risco para cirrose

Em relação à hepatite C, a infecção pelo vírus também é fator de risco para os hepatocarcinomas, cuja incidência aumenta entre fumantes do sexo masculino com cirrose, na faixa etária de 60 a 70 anos e infectados cronicamente.

“Alguns tipos de hepatite, principalmente B, C, podem ser o fator causal para o desenvolvimento do câncer de fígado. Isso acontece devido às alterações e inflamações crônicas que o vírus provoca nas células hepáticas. Muitas vezes, o paciente não apresenta cirrose. No entanto, o câncer hepático tem maiores chances de se desenvolver quando a cirrose está presente, o que pode ser provocado pelas hepatites”, afirma o oncologista.

Os vírus causadores das hepatites do tipo B e C provocam infecções crônicas nos hepatócitos – as células do fígado. O vírus se incorpora ao DNA dos hepatócitos, causando mutações que levam à transformação em células malignas. Além disso, existem casos em que os vírus das hepatites não são eliminados do tecido hepático, o que os mantêm se proliferando e provocando alterações genéticas nas células, facilitando a evolução do quadro para o câncer hepático.

A hepatite é uma doença silenciosa e os médicos alertam para a importância do diagnóstico precoce, pois os tratamentos disponíveis e as drogas antivirais podem levar à cura na maioria das vezes, evitando o aparecimento de doenças mais graves. “Se o paciente está em grupo de risco, no caso da hepatite B, ou tem mais de 18 anos, no caso da hepatite C, deve ser submetido à testagem sorológica”, orienta o oncologista. Outra recomendação é buscar assistência médica se ocorrer algum contato com sangue e fluidos corporais de outros, para que medidas sejam tomadas para identificar precocemente a doença, ou no caso da hepatite B, para que sejam administradas medicações profiláticas ou a vacina.

De acordo com o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, entre os anos de 2000 e 2021, o Brasil teve 718.651 mil novos casos de hepatites virais, com predomínio da hepatite B com 264.640 casos (36,8%) e hepatite C, 279.872 (38,9%). Também são comuns no país as hepatites A com 168.175 casos (23,4%) no período e hepatite D com 4.259 registros (0,6%).

Prevenção de hepatites

Segundo o Ministério da Saúde, a principal forma de prevenção da infecção pelo vírus da hepatite B é a vacina, que está disponível no SUS para todas as pessoas não vacinadas, independentemente da idade.

Para crianças, a recomendação é que se façam quatro doses da vacina, sendo: ao nascer, aos 2, 4 e 6 meses de idade (vacina pentavalente). Já para a população adulta, via de regra, o esquema completo se dá com aplicação de três doses.

Para população imunodeprimida deve-se observar a necessidade de esquemas especiais com doses ajustadas, disponibilizadas nos Centros de Imunobiológicos Especiais.

Outras formas de prevenção, que previnem contra os outros tipos de hepatites são: uso de camisinha em todas as relações sexuais e não compartilhamento de objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, seringas, confecção de tatuagem e colocação de piercings. O preservativo está disponível na rede pública de saúde.

Diagnóstico

O diagnóstico da infecção atual ou recente é realizado por exame de sangue, no qual se pesquisa a presença de anticorpos anti-HAV IgM (infecção inicial), que podem permanecer detectáveis por cerca de seis meses.

É possível também fazer a pesquisa do anticorpo IgG para verificar infecção passada ou então resposta vacinal de imunidade.

Fonte e foto: ND+