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Médico diz que dose de lidocaína que ele aplicava não poderia levar a morte de pacientes

O médico Denis Conci Braga está respondendo por três homicídios simples ocorridos no ano de 2010. Duas pacientes morreram dentro da clínica que ficava localizada na rua 13 de Maio em Joaçaba e outra depois de ficar alguns dias internada na UTI do Hospital Universitário Santa Teresinha.

O delegado que foi responsável pela investigação, Maurício Preto, foi ouvido no julgamento respondendo algumas perguntas formuladas a respeito da investigação. Ele confirmou que a clínica não tinha alvará para realizar exames de endoscopia e que também no local não foram encontrados tubos de lidocaína em Spray. O Ministério Público entende que a substância, usada para lubrificar e anestesiar pacientes, foi a causadora das mortes em razão de uma superdosagem. O médico aplicou a lidocaína de forma inadequada, através da forma gel diluída em um copinho de água, um método proibido pela ANVISA desde 2005, ou seja, 5 anos antes do ocorrido. De acordo com o promotor de acusação, os laudos constataram que numa das pacientes, que foi a óbito, existia um valor de substância no organismo considerado letal.

O médico Denis Conci Braga, interrogado pelo Juiz Márcio Umberto Bragália, que preside o Júri, IMG_5766admitiu que usou a lidocaína em forma de gel, mas disse que nunca imaginou que a forma poderia causar consequências letais, pois sempre agiu desta forma com uma média de 4 a 5 exames por dia. As bisnagas foram usadas pela falta de tubos de spray. Questionado pelo juiz como ele fazia para definir a dose para cada paciente, o médico disse que dava um “apertão” na bisnaga, com o produto sendo diluído em água. Mesmo com laudos apresentados identificando a causa morte das pacientes por intoxicação pelo uso de lidocaína, o médico contestou estes resultados e disse que as doses que eram usadas eram mínimas. Uma das hipóteses para as mortes, levantadas pelo médico, poderia ser algo relacionado também com o uso do Diazepan, droga ministrada antes dos exames, cujos comprimidos não foram periciados.

A ANVISA proibiu o uso da aplicação por Gel diluído em água em razão da rápida absorção pelo trato gastrointestinal e pela falta de controle da dose recomendada. Só é permitido o uso de um tubo de Spry, direta na garganta, com um aplicador/dosador que possuía a dose certa/recomendada. Na bula do medicamento os técnicos alertam que a dose elevada pode ser letal.

O julgamento prosseguirá no Fórum de Joaçaba com previsão de término para o final da tarde. Além da ação penal, o médico responde a um processo civil que visa reparar financeiramente as famílias, cujo processo segue tramitando.

O Conselho de sentença é formado por 7 membros, sendo 4 mulheres e 3 homens.

Por Marcelo Santos

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