Chuva torrencial faz pessoas ‘perderem tudo’ em SC
A chuva torrencial que atinge Santa Catarina fez famílias perderem tudo em São Joaquim nesta segunda-feira (4). De acordo com o CBMSC (Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina), ao menos cinco famílias precisaram ser retiradas de casa após ficarem ilhadas.
Os socorristas foram chamados às 2h37 e dois dos locais haviam animais presos (cachorros). Desesperados, os proprietários não conseguiram retirar os animais a tempo e precisaram da ajuda do Corpo de Bombeiros, que salvou os animais.
Em outros três endereços foram retiradas famílias em situações de risco. Isto porque o rio que banha a cidade, o São Mateus, subiu de nível acima da capacidade da água e transbordou para as residências.
No total nove pessoas, entre elas duas crianças e um lactente, foram retiradas e aconselhadas a buscar abrigo em parentes ou amigos.
Em outro local, no bairro Martorano, foi retirada uma idosa que não conseguia sair sozinha da sua casa. Ela foi levada para a casa de familiares, que a acolheram.
Questionada, a Defesa Civil do Estado relata que segue monitorando a situação das chuvas e que até o momento não há registro de alteração nos municípios.
Volume de chuvas
Segundo a Defesa Civil do Estado, da meia-noite às 3h os maiores acumulados de chuvas foram registrados nas cidades de Maracajá (29,4 mm), em Criciúma (21 mm) e em São João do Sul (20,6 mm).
Ainda de acordo com a pasta, o risco para ocorrências de alagamentos, enxurradas e ventos fortes permanece durante todo o dia.
As temperaturas mínimas variam entre 15°C e 21°C e as máximas oscilam entre 22°C e 37°C em Santa Catarina.
A pasta alertou que há chances de deslizamentos para as cidades de Balneário Gaivota, Praia Grande, Santa Rosa do Sul e Timbé do Sul.
Em outro aviso, a pasta informou que há chances/registros de deslizamentos em Araranguá, Sombrio e São João do Sul.
Nível dos rios
De acordo com o monitoramento da Defesa Civil, o rio Itajaí Açu está em situação de emergência e enchente. Os dados mostram uma tendência de aumento de 459 cm no local.
El Niño e as enchentes
As mudanças climáticas podem gerar consequências severas para Santa Catarina. De acordo com a Defesa Civil do Estado, as alterações poderiam gerar mais ciclones, chuva em grande quantidade, gerando enchentes, ou pouca chuva, gerando seca.
“As mudanças climáticas podem sim favorecer não só a maior frequência como também a intensificação de sistemas que normalmente atuam no Sul do Brasil, e consequentemente em Santa Catarina. Mas vale lembrar que todos os extremos são impactados, tanto os que provocam muita chuva e tempestades como também os que favorecem a falta de chuva”, descreve a equipe de monitoramento e alerta da Defesa Civil de Santa Catarina.
O El Niño, fenômeno climático que traz mudanças significativas na distribuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico, promete ter seu pico máximo nos próximos meses. A previsão é da Associação Catarinense de Meteorologia.
De acordo com o relatório da Associação, a evolução do fenômeno para as próximas estações do ano, para o Sul do Brasil, terá o efeito mais significativo com o aumento das chuvas.
A expectativa dos pesquisadores é de que o El Niño persista ao longo de 2023-2024, pelo menos até o início do outono. Segundo as avaliações feitas, no trimestre outubro, novembro e dezembro o El Niño vai atingir o pico, ou seja, neste período as chuvas serão mais frequentes e mais intensas em Santa Catarina. O esperado é que todo o Estado tenha chuvas acima da média.
Santa Catarina sofre com El Niño
De acordo com a Defesa Civil de Santa Catarina, a região Sul do Brasil tem sofrido com grandes catástrofes em anos de atuação do Fenômeno El Niño. Os eventos mais intensos deste fenômeno que impactaram os três Estados do Sul (Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná) foram os ocorridos nos anos de 1982-1983, 1997-1998 e 2015-2016, causando danos humanos, materiais e ambientais.
Em Santa Catarina, devido à sua posição geográfica e conformação topográfica com vales encaixados, é comum que o excesso de chuva associado ao evento de El Niño resulte em inundações abrangentes e escorregamentos generalizados que podem afetar sua economia como um todo.
O que é o El Niño?
De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorología), o El Niño e a Lã Niña são partes de um mesmo fenômeno acoplado (atmosférico-oceânico) que ocorre no oceano Pacífico Equatorial (e na atmosfera adjacente), denominado de El Niño Oscilação Sul.
Fonte: ND+
